• Autismo e psicanálise •

Resumo da Coletiva de Imprensa

Realizada no hotel Lutétia, em 4 de março último:

Testemunho de Mireille Battut

Quinta-feira, 8 de março de 2012 ٠ 07h30 [GMT+ 1]

NÚMERO 174

Eu não faltaria a um Seminário por nada nesse mundo— Philippe Sollers

Venceremos porque não temos outra escolha — Agnès Aflalo

 

 

Autismo e psicanálise

No Site de Regra do Jogo

Literatura, Filosofia, Política e Artes

 

Jacques-Alain Miller

Coletiva de Imprensa no Lutétia

O autismo recebeu do governo o rótulo « Grande causa nacional 2012 ». Desde então, associações de pais de crianças autistas lideram um grande barulho sobre o tema : «A guerra está declarada com a psicanálise». Um deputado UMP depositou um projeto de lei visando interditar a psicanálise no tratamento do autismo, enquanto um filme que foi divulgado pretende evidenciar a infâmia de seus praticantes.

A HAS – Haute Autorité de Santé — recebeu ordens para banir a psicanálise da lista das «boas práticas» relativas ao autismo. Rebanhos de mídias fazem eco a esta tentativa de proscrição pública de uma disciplina que se podia acreditar reconhecida e honrada. Logo, uma atmosfera de «cruzada» e de «caça às bruxas».

A Universidade Popular Jacques-Lacan quer estudar calmamente esse fenômeno de opinião, e contrariando-o, fazer ouvir outras vozes. Seu Instituto da Criança (Institut de l’Enfant) reuniu domingo último, 4 de março, uma «coletiva de imprensa» no hotel Lutétia. Esta reunião, que durou 3 horas, foi integralmente filmada pela equipe de A Regra do Jogo (La Règle du Jeu); ela dará lugar a uma publicação  — Jacques-Alain Miller

O vídeo da coletiva de imprensa desse domingo, 4 de março no Lutétia

 


Resumo da Coletiva de Imprensa

Realizada no hotel Lutétia, em 4 de março último:

Testemunho de Mireille Battut

***

Quando meu filho começou a manifestar certas particularidades, uma coisa me tocou: ele tinha um modo peculiar de abordar o gozo. Por exemplo, uma vez, ele estava no chão, perto da bainha de minha saia. Ele começou a tocá-la de um modo muito brilhante. Esta iluminação foi um primeiro signo para mim. Muitos signos foram surpreendentes: ele parecia amar a música e, entretanto, não respondia quando se o chamava. Ele não virava a cabeça.

Estando em análise, eu comecei a identificar as coisas. E acontece que, à custa de leitura, eu encontrei as chaves. O mais importante era que meu filho me dizia alguma coisa.Eu não esperei que alguém do exterior me desse um diagnóstico. A questão para os pais é que eles podem entrar em contato com seu filho. Eles não têm necessidade de ouvir o diagnóstico. Qualquer que seja a origem, a causa, do que acontece à criança, o importante é a comunicação.

Uma criança autista comunica de mil maneiras. Eu quero testemunhar que alguma coisa me aperta a garganta  quando eu ouço os métodos aba e outros: se quer retirar o que faz minha relação com a criança. Retiram-se todas as pequenas coisas que ele manifestou e das quais me utilizei para comunicar-me com ele.

Quando meu filho direciona seu ouvido para escutar ou para se proteger de um barulho, ele não faz apenas tapar os ouvidos: ele escuta e filtra o que lhe vem do mundo exterior. Quando toma a minha mão, ele não me toma por uma coisa. Um prolongamento entre seu corpo comigo faz com que eu lhe comunique uma força da qual ele tem necessidade. Progressivamente, ele vai tornar-se autônomo em relação a isto.

Eu nem percebo que há necessidade de uma certa continuidade. Se tentar interpretar seus gestos com o simbólico, isso de nada serve! Em troca, se o fizer de um modo topológico, com o contato, muitas coisas acontecem.

Meu testemunho está destinado a dizer que psicanalistas e pais estão ligados pelo fato de que eles tratam o sujeito, é o ser que se trata de fazer eclodir.

Em troca, existe uma tirania da educação. É preciso que meu filho seja educado, que ele progrida, que se torne um ser social.

Com os métodos aba, não apenas se retira dos pais a comunicação que eles haviam estabelecido com seu filho, mas também lhes é dito «vocês ensinarão a seu filho, vocês tornar-se-ão professores e lhe dirão: isso é grande, isso é pequeno». Onde está a relação com a criança? Esta não existe mais! Essa mistura é venenosa! Um pai não deve transformar-se em educador. Essas são as duas maiores razões pelas quais eu me sinto agredida pelo método aba!

É preciso deixar a escolha a cada um! Deixem-nos esta possibilidade!

***

▫ Ler as intervenções de Alexandre Stevens e a de Guy Briole.

 Para consultar Dossier de presse, Autisme et Psychanalyseacessar este link.

▪ CORREIO 

 

MC BRAJARD Objeto: suas propostas são chocantes

 

Bom dia,

Acabo de ler o artigo do número 157 de Lacan Quotidien e estou particularmente chocada por seu conteúdo.

Eu sou mamãe de um jovem de 14 anos que sofre de autismo. Faz 10 anos que nós lutamos para que nosso filho progrida. Deixei meu emprego legalizado, quando nosso filho tinha 4 anos, para me formar e ajudá-lo a progredir. De início os psiquiatras que consultamos nos fizeram um discurso, extremamente culpabilizante, procurando, antes de tudo, me fazer seguir uma terapia. Depois de me haver informado longamente sobre tudo o que se praticava na França, no estrangeiro, de ter encontrado numerosos profissionais e pais, nós tomamos em nossas mãos o projeto educativo de nosso filho.

Os psicanalistas me diziam que o diagnóstico de autismo dado por uma equipe especializada de um grande hospital parisiense era um erro e que eu não devia encerrar meu filho em uma etiqueta. Eles me diziam igualmente para não ter ilusões, que meu filho jamais estaria apto a aprender a ler e escrever e que eu devia me resignar a inscrevê-lo numa IME. Eu me encontrei com pais de jovens autistas, jovens seguidos há 20 anos por psicanalistas e que não haviam feito qualquer progresso. Esses adultos não haviam adquirido meios de comunicação, não eram autônomos para se lavar, para comer, para vestir-se. Isso me deixou preocupada a respeito da eficácia dessa abordagem.

Eu tenho minha própria ideia e tenho recusado que nosso filho seja acompanhado pelo CMPP do qual dependíamos. Formei uma equipe de profissionais que tenho coordenado, para fazer meu filho trabalhar! Psicomotricidade uma vez por semana, fonoaudiologia três vezes por semana, uma educadora especializada formada em ABA e Teacch, faz intervenção três vezes por semana em casa, uma psicóloga igualmente especializada ABA e Teacch. Dia após dia, ele faz progressos, pequenos progressos no início, mas ele progrediu.

Depois de três anos de tratamento intensivo, mais escola em tempo parcial com a ajuda de uma AVS, nosso filho entrou em uma CLIS especializada para criança TED, depois três anos deixou a CLIS para voltar a um currículo escolar normal.

Atualmente nosso filho ainda é autista, mas é um jovem de bem consigo mesmo e autônomo, ele sabe ler e escrever bem, está na 5e do colégio em tempo integral. Ele segue o mesmo percurso que seus colegas com a ajuda de uma AVS e a sustentação de um Sessad especializado em TED.

Eu sou solicitada, sobretudo, por pais desesperados porque seu filho autista é acompanhado há anos em hospital-dia ou CMPP por equipes enquadradas por psiquiatras/psicanalistas e seu filho não faz qualquer progresso, e o boca a boca entre pais funciona, e esses pais me pedem ajuda.

Eis por que numerosos pais estão com raiva. Eles não têm necessidade, como vocês dizem nesse artigo, de serem embriagados por associações ou lobbies diversos.

Afirmar tais coisas é, verdadeiramente, tomar os pais por idiotas incapazes de pensar e de fazer uma ideia por eles mesmos.

Nós não somos manipulados pelos comportamentalistas como vocês dizem, somos sobretudo nós, os pais, que os empurram para nos ajudar. É um combate de pais com raiva de vocês.

Sim, nós estamos chocados pelo fato de que os financiamentos e os reembolsos sejam para as terapias psicanalíticas e de que os benefícios comportamentais não tenham suporte. Os pais deveriam ter uma escolha real. O que não é o caso nesta questão.

Temos feito sacrifícios para financiar essas terapias sem sermos reembolsados por que nós queremos um futuro para nossos filhos.

As associações de pais são pouco poderosas em comparação com os lobbies dos diretores de serviço de psiquiatria e psicanalistas, e nossos meios financeiros são bem pobres. Mas nossa força é nossa determinação.

Sim, nós estamos lutando para obter o rótulo de grande causa 2012 e é muito normal que pais de crianças sem habilidades lutem para obter um pouco de ajuda durante um ano graças a esse rótulo.

Mas o que vem fazer a Cientologia em seu artigo! Vocês nos tomam por quem??

Vocês estão chocados de que a imprensa dê a palavra aos comportamentalistas, e bom, já não era sem tempo! Faz dezenas de anos que os psicanalistas são convidados em todas as emissoras para dar seus pontos de vista sobre todos os temas. A cada um sua vez.

Vocês dizem: «Os direitos de resposta foram solicitados para todos os artigos hostis aos pais que se multiplicam? Depois do autismo, os Dys, virá a esquizofrenia, etc.»

Não é preciso clamar aos ministérios, colocar todos no bazar, todos? Todos escreverem artigos, mesmo muito simples, enviá-los às revistas, aos jornais? Não apenas uma petição.

Não é preciso abrir as válvulas? Lançar a ideia de contatar os jornalistas de nossas regiões, as rádios, fazer programas jornalísticos?

Mas eu espero que os pais, a quem concernem outras patologias, comecem por seu lado a caminhar.

Vocês estão em pé de guerra apelando aos ministérios e dizem que somos nós os pais quem temos poder???

Nós todos também vamos contatar as mídias locais e escrever artigos, e somos numerosos e bem decididos a não nos deixar esmagar.

Não, o lobby autista não tem potentes meios financeiros e nós não somos um lobby.

Sim, sua política é um pouco datada pelo século antes da web, e não apenas sua política, suas práticas profissionais também.

Nós não abandonaremos o combate porque o futuro das crianças depende disso.

Cordialmente

MC Brajard*, uma simples mamãe que não gosta de se deixar esmagar.

 

*Sempre muito ativa na WEB, MC Brajard foi administradora do Autisme France e Presidente da Associação Autisme Vienne em 2010/2011. NDLR.

 

RESPOSTA

Eu agradeço à senhora pela leitura do Lacan Quotidien e pelo testemunho que nos endereça. Eu me rejubilo com o progresso e as melhoras de seu filho. Devo também tranquilizar a grande maioria dos pais das crianças confiadas aos CMPP e aos IME. Ensina-se também a ler e a escrever e um grande número de crianças participa dos CLIS e se beneficia do apoio do Sessad. É a razão pela qual as estruturas foram criadas, na intersecção entre o sistema de cuidados e o sistema educativo. A oposição  privado/público que a senhora traça é exemplar de um projeto. A senhora opõe a pequena equipe que gerencia, ao esquecimento dentro das grandes estruturas, para acabar em uma parceria privado/público que é garantida pelos pais que tomam em suas mãos o projeto educativo de seus filhos.

Nesse projeto, a senhora denuncia todo o sistema de cuidados, confundidos no amálgama psiquiatria-psicanálise. Este não é o ponto de vista dos pais reunidos na grande associação que é o UNAPEI. A senhora também faz o amálgama TEACCH-ABA. Tais métodos, entretanto, se distinguem pelo lugar dado pela ABA à punição e pela consideração das particularidadesda criança pelo TEACCH.

Eu não poderia segui-la em seus amálgamas, nem sonharia em deixar as crianças apenas nas mãos conformadoras dos práticos ABA, tão diferentes em sua formação. Esse combate vale a pena porque, como a senhora o disse bem, o futuro das crianças depende disso. Éric Laurent

 


 DEBATES SOBRE AUTISTAS 

Uma posição impossível:

entre a clínica do autismo e injunções do método ABA

Vanessa Wroblewski, psicóloga, Val-de-Grâce

Desde que o debate sobre o autismo foi relançado, eu me encontrei mergulhada em alguns anos anteriores, quando confrontei meu interesse pela psicanálise e a descoberta da ABA. Com efeito, há alguns anos, depois de obter meu diploma como psicóloga eu procurava, não sem dificuldades, um emprego. Depois de meses de busca,  meu pedido foi selecionado para um posto de psicóloga numa associação de pais de crianças autistas. Esta associação, da qual eu não conhecia absolutamente nada, tinha criado desde alguns anos, uma estrutura «inovadora» que propunha «métodos adaptados» para crianças autistas. Eu fiquei curiosa. Eu havia tido no passado algumas experiências em instituições de orientação psicanalítica que acolhiam crianças autistas e psicóticas, e guardava delas uma lembrança estranha, misto de fascinação, interesse e angústia.

Depois de algumas entrevistas, fui contratada por esta associação, mas seu presidente quis assegurar-se de minhas «competências». Ele me propôs ser voluntária num primeiro tempo, como a maior parte das pessoas que ele contrata. Isso de forma incondicional. Eu me curvei porque um posto de psicóloga é essencial! Eu não fazia ideia de onde estava metendo meus pés …

Muito rapidamente, uma colega me ensina os rudimentos deste «método revolucionário»: o ABA (Applied Behavior Analysis) e sobretudo seu vocabulário estranho: «reforços», «maus comportamentos», «programas de trabalho», «neurotipicidade» e assim sucessivamente.

Bem, eu não entendia nada de tudo isto, mas por que não me interessar aí? Eu me dizia que estávamos ali por uma única e mesma coisa: ajudar as crianças autistas a existir o menos penosamente possível e atender a seus pais que se sentem todos muito impotentes face aos comportamentos tão estranhos de seus filhos. Eu peguei algumas ideias do ABA e deixei outras de lado. Eu tinha pressa em encontrar as crianças e me perguntava como isso funciona, o ABA ?

Meus primeiros encontros com os autistas foram sempre surpreendentes e eu tentava compreender alguma coisa. No um por um, eu estava aprendendo com cada um dentre eles e eles me ensinavam. Eles me ensinavam a estar atenta, muito atenta a cada um de seus gestos, cada olhar, por mais fugaz que fosse. Eu observei, examinei e tentei tranquilamente ser aceita em seu mundo tão inacessível. Cada sorriso, cada som, cada palavra penosamente pronunciada era uma vitória partilhada e reforçava o meu desejo de trabalhar com eles.

Mas eis que, para o ABA, uma vez passada a etapa de «cooperação», quer dizer que, uma vez que a criança aprecia e aceita a sua presença, e isto não é uma tarefa simples, então é preciso administrar-lhes «os programas». Acabado o divertimento, tem lugar o verdadeiro trabalho e a educação digna deste nome. Cada criança é então avaliada graças a uma escala de desenvolvimento muito detalhada. Uma classificação inteira que se quer quase exaustiva, de tudo o que se pode esperar de uma criança em determinada idade: ele sabe contar até 3? Nos olha quando chamado? Sabe classificar do menor ao maior, etc.? Tudo é avaliado, protocolado, com a ajuda conscienciosa dos pais. Sim, os pais também devem se colocar aí, sob pena de serem excluídos do «programa experimental revolucionário», porque, é preciso dizer, que a lista de espera é longa. E para beneficiar-se de tudo isto, a associação lhe pede uma «pequena» participação financeira por volta de  700€ por mês. E, sim! O milagre, isso se paga. Porque se trata disto: esses pais tão perdidos esperam um milagre, que lhes é prometido à custa de estudos e estatísticas. Eu me mantive tão longe quanto foi possível, afastada das atividades principais da associação, que consistiam e consistem ainda em fustigar as instituições e todos os profissionais implicados no atendimento a estas crianças. O presidente desta associação reina como mestre absoluto sobre todas as pessoas que trabalham com ele, enfim, para ele. Preocupado com a questão do autismo, ele defende o ABA como único método válido no tratamento desses sujeitos. Proveniente de outra formação, sem jamais ter seguido uma formação relacionada, de perto ou de longe, ao autismo, à neurobiologia, nem mesmo ao comportamentalismo. O que é cômico (modo de falar) é que ele jamais foi verdadeiramente formado no ABA e não aplica a si mesmo as regras que impõe a todos os pais. Ele se diz humanista, mas esquece de dizer que muitos empregados ganharam seus processos no Tribunal do Trabalho contra ele, porque ele não sabe respeitar nem os outros, nem as leis, nem o Código do Trabalho. Eu evitava os confrontos com este homem colérico, em guerra contra todos e meu único objetivo era ocupar-me das crianças de maneira a mais ética possível.

Por muito tempo acreditei que poderia juntar minha orientação psicanalítica com as estratégias educativas. Que as crianças autistas pudessem beneficiar-se da psicanálise, mas também de um suporte educativo. Eu achei que não falava a mesma língua do que os educadores ABA, mas que era possível trabalhar em conjunto. Mas quebrei a cara, a cada tentativa de minha parte de ler as coisas de outro modo que, em termos de bom e mau comportamento, era como se eu estivesse falando chinês.

Estive por um longo tempo ocupada com um jovem autista de 17 anos. Ele não tinha acesso à linguagem e interessava-se apenas por poucas coisas: roteadores, colocar folhas sob a água e alguns jogos de computador. Ele se mostrava muito violento quando se chegava muito próximo dele, tampava os ouvidos e fechava os olhos a maior parte do tempo. Eu saía, a cada um de nossos encontros, com uma grande folha e a pintura, os únicos objetos que ele não jogava pela sala… Eu me punha a fazer alguns traços na folha e colocava diante dele um pincel. Ficava silenciosa. Ele olhava atentamente meu gesto, mas não fazia nada. O dia no qual ele pegou o pincel e se pôs a imitar meus traços, eu me disse que uma etapa havia sido transposta, tive o sentimento de que se construía alguma coisa a dois, e que minha presença o angustiava um pouco menos. Entretanto, o que me pediam era para aplicar os programas ABA, fazer de modo que ele distinguisse uma vaca de uma galinha, que ele contasse e levantasse os braços quando lhe pedissem! Ele resistiu de tal modo a tudo isto, ele entrava em cóleras impressionantes quando se entrava com o programa. Ele me ensinou que nada tinha a aprender com o ABA. Nós tínhamos encontro duas vezes por semana, mesmos dias, mesmas horas. Um dia em que estive ausente em nossos encontros habituais, vendo que uma educadora iria fazer a seção, ele fugiu pela primeira vez da estrutura. Ele não foi longe porque ficou aterrorizado, uma vez do lado de fora. Este episódio me foi relatado em termos de «mau comportamento», era uma catástrofe, era necessário retificar isto imediatamente. Comigo, eu pensei simplesmente «relação transferencial» e fiquei emocionada. Eu tentava todas as vezes pegar alguma coisa do que ele dolorosamente consentia em me dar, para inventar. Mas para o ABA, tudo isto não conta. O que conta são as «competências» da criança e seus progressos que devem ser quantificáveis e registrados. Tudo isto, os protocolos, os programas, me deixavam confusa mais e mais, e acabavam por interpor-se entre mim e as crianças autistas.

Eu ficava constantemente dividida entre meu interesse crescente pela clínica tão apaixonante do autismo e os princípios sobretudo insensatos do ABA. Faço parte desta associação já há alguns anos, longe de seu presidente que se tornou mais e mais ameaçador.

As crianças autistas reforçam sempre mais meu interesse pela clínica, pela psicanálise, têm dado sentido ao «um por um», e ao sujeito. Eu as deixo com tristeza. 


 


PETIÇÃO INTERNACIONAL

PARA A ABORDAGEM CLÍNICA DO AUTISMO

 

Iniciativa do Instituto psicanalítico da Criança

(Universidade popular Jacques-Lacan)

 

ASSINAR A PETIÇÃO ON LINE

NO SITE lacanquotidien.fr

 

>>Desde 16 de fevereiro,

dia da postagem on line da petição,

9503 assinaturas

já foram recolhidas.

 

O TEXTO DA PETIÇÃO INTERNACIONAL PARA A ABORDAGEM CLÍNICA DO AUTISMO:

www.lacanquotidien.fr



 

ELES SUSTENTAM A PETIÇÃO 

***

  • ·        Claudine VAN GYSEGHEM SZABO, antropóloga, Universidade de San José, Costa Rica
  • ·        Antoine CAUBET, diretor de cinema
  • ·        Anaïs FEUILLETTE, diretora, Paris
  • ·        Philippe STASSE, psicanalista, instituição La Coursive, Namur
  • ·        Richard LELOUTRE, diretor de um IME, Rennes
  • ·        Eric MORINIERE, diretor de IME e SESSAD em Briançon, Baune
  • ·        Laura GIBILARO, psiquiatra do hospital de Cordoba, Argentine
  • ·        Saliha ABBADI, psiquiatra da ESP de Ville Evrard, Neuilly sur Marne
  • ·        Elisabeth VIVIER, diretora de serviço AEMO da ADSEA, Clermont-Ferrand
  • ·        Marie DESPLAT, diretora de service do IME Ensoleillade, Saint André de Sangonis
  • ·        Patrice CECCON-MARTINEAU, diretor de serviço, ITEP Charta, Toulouse
  • ·        Jean-François MATTIVI, diretor das Oficinas do 94, Houdeng Goegnies, Belgique
  • ·        Ruth BENARROCH, atriz e diretora, Le Plessis Trévise
  • ·        Gérard Louis VINCENT, Coronel da reserva, Lyon
  • ·        Chantal MAIMON, conselheiro municipal, Mandelieu
  • ·        Alma HASALAMI, residente do Hospital Universitário Mère Thérésa de Tirana, Albanie
  • ·        Didier DHARVENG, advogado em Namur, Belgique
  • ·        Mikhail SOBOLEV, psicólogo em Saint-Petersburg, Russie
  • ·        Milena POPOVA, psicólogo do Centre de Santé mentale para crianças e adolescentes de Ruse, Bulgarie

Lacan Quotidien

Publicado por navarin éditeur

INFORMA E REFLETE 7 dias em 7 a opinião esclarecida

▪ comitê de direção

presidente eve miller-rose eve.navarin@gmail.com

difusão anne poumellec annedg@wanadoo.fr

conselheiro jacques-alain miller

redação  kristell jeannot kristell.jeannot@gmail.com

▪ equipe do Lacan Quotidien

pelo instituto da criança daniel roy, hervé damase & bertrand lahutte

estabelecimento das intervenções da conferência de imprensa « autismo e psicanálise » de 4 de março christine maugin

correção da rubrique *autisme et psychanalyse* anne-marie sudry

membro da redação victor rodriguez @vrdriguez (Twitter)

designers viktor&william francboizel vwfcbzl@gmail.com

técnicos mark francboizel & family

lacan e livrarias catherine orsot-cochard catherine.orsot@wanadoo.fr

mediador patachón valdès patachon.valdes@gmail.com

 

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٠secretary@amp-nls.org ▫ lista de difusão da new lacanian school of psychanalysis ▫ responsáveis : anne lysy et natalie wülfing

٠EBP-Veredas@yahoogrupos.com.br ▫ uma lista sobre a psicanálise de difusão privada e promovida pela associação mundial de psicanálise (AMP) em sintonia com a escola brasileira de psicanálise ▫ moderadora: Maria Cristina Maia de Oliveira Fernandes

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₪ À atenção dos autores 

As propostas de textos para publicação no Lacan Cotidiano devem ser endereçadas por e- mail ou diretamente no site: www.lacanquotidien.fr clicando em “proposez un article”. Em arquivo Word – Fonte: Calibri – Tamanho dos caracteres: 12 – Entrelinhas: 1,15 – Parágrafo: Justificado – Notas de rodapé: mencionar no corpo do texto e, no final deste, fonte 10


Tradução: Maria Bernadette Soares de Sant’Ana Pitteri

 

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